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Padronização do congelamento do sêmen para elasmobrânquios e reprodução induzida por inseminação artificial em elasmobrânquios

Por: Pedro Nacib Jorge-Neto

A manutenção de uma população saudável em ambiente ex situ é um problema de difícil solução, em especial para organismos de grande porte, como nos casos de muitos tubarões e raias, já que nenhuma instituição sozinha seria capaz de manter um plantel com indivíduos de uma mesma espécie, em número suficiente, para possibilitar uma variabilidade genética que garanta a constituição de uma população contínua e sem necessidade de novas capturas no ambiente selvagem. Tal tarefa se torna possível com o intercâmbio de material genético que facilite a troca entre o plantel de diferentes instituições, com o objetivo final de constituir uma população saudável e diversa ainda que os indivíduos não convivam no mesmo local. A terceira linha de pesquisa tem por objetivo estabelecer os melhores parâmetros que permitam extrair e congelar o sêmen de diversas espécies de elasmobrânquios, garantindo a sua viabilidade a longo prazo, o que possibilitará a permuta entre aquários e instituições parceiras. A linha de pesquisa é desenvolvida em parceria com o Instituto Reprocon (Reproduction 4 Conservation). Os elasmobrânquios representam um grupo de espécies caracterizados por baixa fertilidade e vida longa. A estratégia permite o alto investimento em energia no desenvolvimento de poucos descendentes, mas a vantagem se encontra em introduzir nos ecossistemas filhotes já plenamente desenvolvidos e prontamente capazes de sobreviver sem cuidado parental. Os impactos provocados pelas atividades humanas nos ecossistemas onde habitam (i.e. pesca, navegação, degradação do habitat) terminam por comprometer essa estratégia já que qualquer perda populacional para essas espécies, por menor que seja, é de difícil recomposição e o tempo necessário para restabelecer as populações aos níveis pretéritos é necessariamente longo. Desta forma, os protocolos de extração e congelamento desenvolvidos não apenas possuem aplicação no ambiente ex situ da rede de aquários pelo mundo, como podem ser aplicados em indivíduos de vida livre, ampliando o conhecimento sobre a biologia reprodutiva dessas espécies. Além das linhas de pesquisa implementadas ao longo de 2022, o desenvolvimentos de estudos produzidos pelos aquaristas, veterinários e biólogos do Aquário Marinho do Rio de Janeiro também rendeu frutos na forma de participações em congressos e na publicação do sucesso reprodutivo para o tubarão-galha-branca-de-recife Triaenodon obesus. A partir do conhecimento acumulado desde sua inauguração em 2016, os profissionais do AquaRio adquiriram experiência sobre a biologia de centenas de espécies. Tais observações são em muitos casos pioneiras, dado o desconhecimento para a comunidade acadêmica sobre a história de vida de muitas das espécies em exibição. A possibilidade de se divulgar à comunidade científica e a sociedade em geral o conhecimento técnicocientífico acumulado ao longo dos anos potencializa o papel do IMAM-AquaRio como um centro produtor de conhecimento científico.

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Caracterização do uso do espaço por peixes no tanque oceânico

Por: Prof. Dr. Marcelo Vianna (Laboratório de Biologia e Tecnologia Pesqueira – UFRJ)

Nesse estudo iremos identificar a forma de uso do espaço, em uma escala tridimensional, dos organismos presentes no tanque oceânico do AquaRio, que será setorizado, tanto na profundidade, quanto na largura e terá um conjunto de câmeras fotográficas, equipadas com sensores de movimento. Estas câmeras serão instaladas de forma a registrar a movimentação das distintas espécies (e quando possível de cada indivíduo, como dos peixes de maior porte) por um período ininterrupto. Os dados obtidos (fotografias) vão ser trabalhados e analisados de forma a identificar se existem preferÊncias especÍficas e ou individuais.

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Transferência da Microbiota materna

Por: Prof. Dr. Marcelo Vianna (Laboratório de Biologia e Tecnologia Pesqueira – UFRJ) Profa Dra Raquel S. Peixoto e Prof. Dr. Alexandre Rosado (Laboratório de Ecologia Microbiana Molecular – UFRJ).

Pesquisa inédita com raias e tubarões com o intuito de identificar se há nos elasmobrânquios a transferência da microbiota materna, ou seja, as bactérias que habitam o ser vivo, para os filhotes, assim como ocorre nos mamíferos, ou se a microbiota é adquirida após o nascimento.

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Reprodução, crescimento e comportamento ex situ de elasmobrânquios

Por: Dr. Marcelo Vianna (Laboratório de Biologia e Tecnologia Pesqueira – UFRJ) Ms. Clara Velloso Teixeira-Leite Dr. Sérgio Ricardo Santos (Pesquisador IMAM) Matheus Felix de Góes (Biol.-Chefe AquaRio) Verônica Takatsuka Manoel (Veterinária AquaRio)

A linha de pesquisa é desenvolvida em associação com o Laboratório de Biologia e Tecnologia Pesqueira (BioTecPesca – Instituto de Biologia/UFRJ), tendo como foco as espécies de elasmobrânquios da ictiofauna brasileira, como as raias treme-treme Narcine brasiliensis (Olfers, 1831) e Hypanus guttatus (Bloch & Schneider, 1801), bem como espécies já reconhecidas como ameaçadas e com a pesca proibida, como a raia-borboleta Gymnura altavela (Linnaeus, 1758). Os estudos associados a essa linha de pesquisafocam amplas lacunas do conhecimento sobre essas espécies e respondem a demanda do poder público, setores da cadeia produtiva e da academia. Também focam na correta conscientização da população e de consumidores que direta ou indiretamente estão conectados à pesca, beneficiamento e consumo de tubarões e raias. A linha também desenvolve estudos que correlacionam a extensão dos impactos ambientais e suas consequências para a qualidade de vida dos elasmobrânquios que compartilham ecossistemas degradados. Os estudos permitem a caracterização de metais e a expressão de proteínas, metaloproteínas e enzimas, em diferentes órgãos de peixes expostos a contaminação ambiental, na natureza e sob cuidados humanos. Os estudos são desenvolvidos em parceria com o Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental (Instuto Oswaldo Cruz/Fiocruz). Os resultados não apenas permitem identificar a escala da degradação ambiental, como fornece dados essenciais à saúde humana e à segurança alimentar da população.

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Análise da diversidade microbiana em diferentes espécies e partes do corpo de raias estuarinas e costeiras da costa do Rio de Janeiro, Brasil

Por: Mestranda Fernanda Gonçalves e Silva (Dissertação de Mestrado)

Importante pesquisa para estudar o “ecossistema hospedeiro animal”, também chamado microbioma, com o objetivo de fornecer informações importantes para lidar com infecções secundárias no homem e para favorecer a manutenção da saúde dessas raias.

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Pesquisa de avaliação hematológica dos animais do AquaRio

Por: Lara Meyer (Tese de mestrado)

Pouco se sabe sobre a caracterização hematológica de muitos animais marinhos, principalmente peixes e elasmobrânquios. A pesquisa tem como objetivo fazer avaliação hematológica dos animais mantidos em cativeiro pelo AquaRio, de modo a ter o controle sanitário dos animais, pesquisar hemoparasitoses, diagnosticar possíveis doenças e padronizar os valores hematológicos e bioquímicos.

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Desenvolvimento de técnicas de imobilidade tônica para procedimentos veterinários em tubarões

Por: Matheus Félix de Góes (Biol.-Chefe AquaRio)

A manutenção de milhares de organismos vivos em ambientes ex situ, que reproduzam o mais próximo possível as condições do ambiente natural onde ocorrem na natureza, demanda a capacitação de uma equipe de excelência de aquaristas e veterinários. Entretanto, parte integrante dos cuidados veterinários para garantir a saúde do plantel é a realização de exames de rotina que expõem os animais a possível stress e podem colocar em risco a equipe envolvida. Nesse sentido, o foco da segunda linha de pesquisa são as espécies de tubarão (Selachii) mantidas nos recintos do Aquário Marinho do Rio de Janeiro (AquaRio). O desenvolvimento de técnicas que minimizem os efeitos negativos de exames que precisam ser rotineiros permite a sua incorporação em protocolos mais eficientes de manejo, permitindo que sejam mais específicos ou mesmo individualizados. As técnicas aprendidas são de interesse não apenas para a rotina dos profissionais do AquaRio, como podem ser incorporadas aos protocolos de outras instituições que mantenham as mesmas espécies sob cuidados humanos.